Sebastião Santos
Uma frase atribuída a Álvaro Loregian diz que seremos melhores negociadores quanto mais respeitarmos e valorizarmos os interesses dos outros. Dialogar, para encontrar denominadores comuns numa negociação, é uma necessidade da administração pública moderna.
O SINPUC tem a grata satisfação de reconhecer que os municípios de sua base, salvo algumas exceções, como Baraúna, têm sido geridos por administradores que sabem e reconhecem o poder da conversa para a resolução de conflitos e encaminhamento de ideias.
Um bom exemplo de diálogo entre sindicato e prefeitura é o caso de Nova Palmeira. O prefeito José Félix tem demonstrado sensibilidade às causas destacadas pelo SINPUC.
No município já conseguimos, através de negociações produtivas, o pagamento de retroativos, a garantia de kit’s de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e, entre outras conquistas, discussão e tramitação de projetos de lei que estabelecem Planos de Cargo, Carreira e Remuneração (PCCR) e regularizam salários.
Prefeitos abertos à voz dos trabalhadores, sempre fundamentada no regime jurídico-administrativo pátrio, notadamente no princípio da legalidade em sentido amplo, melhoram a imagem dos seus governos, facilitam a vida dos sindicalistas que defendem os servidores e beneficiam a sociedade, que passa a contar com um serviço público mais eficiente e produtivo.
O diálogo de hoje é produto direto das lutas de ontem, onde os dirigentes do SINPUC eram vítimas de toda sorte de ofensas públicas e pessoais. Exigir direito, até bem pouco tempo, era mais do que um crime: era uma ofensa à imagem do gestor que se comportava como proprietário dos bens e serviços públicos. Não é à toa que, desde 1930, através do livro Raízes do Brasil, conhecemos o termo “homem cordial”.
Num belo comentário sobre a obra de Sérgio Buarque de Holanda, o professor Reynaldo Damazio explica o conceito: “A cordialidade se refere à dificuldade do brasileiro (...) de considerar a esfera pública como algo impessoal, ou um palco de conflitos e interesses coletivos e não individuais”. Trata-se da resistência em reconhecer o princípio da impessoalidade.
Pode-se afirmar que essa nova espécie de gestor, felizmente, já pode ser encontrado em Picuí. Acácio Dantas é outro bom exemplo. Ao contrário do seu antecessor, ele está mais para a diplomacia do que para a dominação. É como ter trocado, em 2012, Adolf Hitler por Winston Churchill.
Contudo, os obtusos ainda mostram as suas garras. Para eles, eu digo “mal me quer” e informo que todo ato administrativo pode sofrer revisão de legalidade pelo Poder Judiciário. Ainda bem!
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Sebastião Santos é pedagogo, especialista em educação de jovens e adultos, professor efetivo da educação básica na rede pública municipal de Picuí e Nova Palmeira, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais do Curimataú, do Conselho de Educação de Nova Palmeira, da Câmara Municipal e do Diretório do PT do mesmo município e é membro da direção estadual da Central Única dos Trabalhadores da Paraíba (CUT-PB).